terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Só podemos perder o que não temos

Na última semana, terminei de ler um livro que um amigo muito querido me presenteou. Falava de auto-descoberta, auto-conhecimento – tratava de temas complexos sobre o expandir da consciência, ampliar o olhar sobre si mesmo – tudo banhado de espiritualidade e conceitos da psicologia. Enfim, dentre os inúmeros temas que pude revisitar ao ler esse livro, um em especial me chamou a atenção: a morte. Nesse capítulo o autor deixava claro um ponto que quero compartilhar com você: a questão da perda.
É verdade que toda perda é um processo dolorido, sofrido. Um processo que nos faz pensar e repensar, refletir sobre nossas vidas, nosso tempo, a forma como aproveitamos ou não esse milagre que é viver e se relacionar, estabelecer relações. Tudo isso faz sentido se ampliarmos o conceito da morte e compreendermos que morremos todos os dias e, renascemos todo amanhecer. A morte nada mais é que o fim de um ciclo e início de outro.
 
Desapego
E, se morremos, ou melhor, perdemos algo de um lado, de outro ganhamos com certeza. Morrer, romper, terminar, deixar – tudo isso demanda desapego, amor próprio, demanda o aceitar, confiar e agradecer o que recebemos. Um alento é saber reconhecer que só perdemos o que não temos. Explico: só perdemos o que não é nosso, não nos pertence, não agrega, não soma, não nos faz melhor.
Vou tentar clarear… Se só perdemos o que não temos – tudo o que temos levamos conosco. Sensações, emoções, sentimentos – tudo o mais é transitório. Isto é, se alguém próximo se foi, podemos sempre ficar com o que construímos. Com o que vivemos e experimentamos juntos. É de fato só isso o que temos – bons ou maus momentos.
Talvez por isso muitos afirmem que a felicidade é uma soma de bons momentos… Ser feliz é estar mais feliz do que triste no tempo que temos para administrar nessa passagem. O quanto antes conseguirmos entender que a vida é uma passagem, viver se tornará muito mais possível além de mais prazeroso, mais delicado.
Então, exercitar o desapego, o soltar as amarras e travas que nos distanciam do que temos de melhor – nós mesmos – ficará muito mais fácil. Saber o que temos é, por isso, parte do nosso crescimento. Do nosso auto-conhecimento, nossa auto-descoberta. E, para tanto, precisamos passar a olhar com os olhos da verdade, da beleza, da ética, do amor… No mais, tudo vai dar certo.
 
Máscaras
A questão é que, por vezes, temos tanto medo de olhar a nossa verdade que utilizamos diferentes artimanhas para nos afastar desse nosso centro. Vivemos assim com base no medo de sermos descobertos; na ilusão de que vamos conseguir enganar a todos, inclusive a nós mesmos e, nesse sentido, inflamos nosso ego, praticamos a vaidade, nos apegamos a uma imagem ou imagens que não podem ou jamais serão nossas.
Por isso sofremos. Sofremos nas nossas relações, na nossa existência. Afinal, bem no nosso íntimo sabemos que a máscara que tanto lustramos um dica cairá. E então vamos de uma única vez nos deparar com tudo o que fizemos para tentar tapar o sol com a peneira – a nossa alma, nossa essência – com os véus… Desiludimo-nos, perdemos o outro, perdemos a relação…
Em função de tudo isso fica aqui um convite: faça uma auditoria pessoal. Tente compreender o que é de fato seu e o que não é. Depois de tudo visto, liberte-se. A relação com certeza agradecerá… O outro e o seu ser também.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O lobby do tabaco prejudica a nossa saúde

Professor Wilson,

Reportagens publicadas pela Folha de S. Paulo neste domingo e segunda-feira últimos (14 e 15/11/2010) dão conta do embate interminável entre as entidades e pessoas comprometidas com a saúde dos cidadãos e um contumaz fabricante e comerciante de drogas (infelizmente consideradas lícitas): o setor do tabaco.
Com o título " OMS quer proibir aditivos no cigarro", a reportagem de domingo dava conta de reunião marcada para esta semana no Uruguai com o objetivo de aprovar novas diretrizes para regulamentar os produtos do tabaco, com especial atenção ao uso de aditivos (açúcares, flavorizantes e umectantes, entre outros).
Todos sabemos que a intenção da indústria do fumo, com esta adição, é aumentar o poder de fogo da nicotina no sentido de causar dependência, como bem acentua a pesquisadora brasileira Tânia Cavalcante, e, em muitos casos, de disfarçar o gosto ou sabor do fumo. Os aditivos são tóxicos, mas evidentemente representantes do tabaco, com a sua hipocrisia e cinismo naturais (pois não defenderam durante muito tempo que o cigarro não causava câncer, embora soubessem desta relação nefasta!), negam tudo, buscando apoio em pesquisas que só eles mesmos conhecem e defendem.
O argumento mais utilizado pelos que fabricam e vendem drogas (como o tabaco) é que há muita gente empregada no setor e que qualquer tentativa de regulamentação provocaria um problema social importante. Não há como negar que existem milhares de brasileiros que sobrevivem à custa desta droga tida como lícita (e que mata sem dó milhões de pessoas em  todo o mundo anualmente), mas esse fato não pode impedir que medidas adequadas sejam tomadas para salvar outras centenas de milhares de pessoas em nosso País. O governo e a sociedade precisam buscar outras alternativas que não seja deixar-nos reféns de setores e empresas que contribuem para degradar a vida e a saúde de todos nós.
Não se pode ignorar que, depois do cerco cada vez maior dos governos de países desenvolvidos, a indústria de tabaco tem avançado agressivamente sobre os cidadãos dos países emergentes ou subdesenvolvidos com o objetivo de manter os seus lucros, mesmo que à custa de prejuízos incalculáveis para os sistemas de saúde nacionais. Segundo a reportagem publicada na última segunda-feira com o título "Lobby do tabaco visa países emergentes", "dos 176 milhões de mortes ligadas ao tabaco que estão previstas para 2005 a 2030, 77% vão ocorrer em países em desenvolvimento", com um custo anual para a economia global (pelas mortes, doentes, mutilados etc) de 500 bilhões de dólares, segundo estimativa da Fundação Mundial do Pulmão.
Enfim, o lobby, preocupado em garantir os seus privilégios - a ganância da indústria do fumo é descomunal - anda pesadíssimo, incluindo, conforme reportagem da Folha, "contribuições para campanhas políticas, auxílio para a redação de novas regras relativas ao tabaco e, pelo menos em dois casos, pagamento de propina para garantir legislação favorável" (15/11/2010, p. C7). Por aqui, convivemos com a bancada do tabaco no Congresso, com a complacência de governantes (ou postulantes a cargos executivos) com a indústria e com os sindicatos (vide a última campanha presidencial) e com a falta de vigilância com respeito à propaganda insidiosa do cigarro em comunidades, eventos esportivos (Fórmula 1) etc. Pra não falar do apoio recente da Souza Cruz para evento de representantes da justiça brasileira, o que já ocorreu em outras oportunidades também (não há conflito de interesses nisso?), e que tem merecido reação de setores responsáveis da sociedade brasileira.
Temos sido no Brasil complacentes demais com a indústria do tabaco que, pelo menos nos Estados Unidos, foi obrigada a assinar acordo com o governo de vários Estados em um valor considerável (bilhões de dólares), o que deveria ser repetido aqui, se fôssemos levar a sério o prejuízo formidável que ela causa ao setor de saúde.
Está na hora de uma cruzada séria contra a indústria do tabaco apoiada na tese de que não se pode tolerar a fabricação e a venda de drogas, sejam elas quais forem. Mas, ao que parece, governos andam preocupados com a arrecadação de impostos e jogam com timidez contra esse vilão mundial. Se  o problema é arrecadar impostos, por que não aumentar ainda mais o preço do cigarro? É sabida a relação entre a redução do consumo do produto e o preço  continua sendo comparativamente, por aqui, um dos mais baratos de todo o mundo.
O velho argumento do contrabando,  de que os capitães da indústria do tabaco costumam lançar mão toda vez que se fala em restringir o consumo do cigarro, incluindo regulamentações como a que se propõe agora ou o aumento de preço, não faz sentido. Contrabando é crime e deve ser combatido com rigor, mas ele não pode servir como álibi para um outro crime que acontece diante de nossos olhos: a investida dos fabricantes de fumo sobre os nossos jovens, particularmente os menos favorecidos.
A indústria da droga lícita (até quando?) está faturando alto e precisa ser sufocada sem pena. Não se pode conviver com este discurso cínico e com esta prática lesiva ao futuro da nação brasileira.
Respeitemos os fumantes, que precisam de apoio psicológico, de maior atenção do setor de saúde oficial, de campanhas mais competentes de esclarecimento, mas não devemos dar trégua aos que fabricam e vendem cigarro.
Tenho repetido: não é coincidência (Freud explica?) o fato de que os dois maiores fabricantes de cigarro por aqui tenham "cruz" e "morris" no nome. Seus produtos matam lenta mas impiedosamente e por isso eles merecem marcação cerrada.
É preciso neutralizar este lobby espúrio, desmascarar este discurso cínico da responsabilidade social (pois não é que uma revista brasileira concedeu prêmio de sustentabilidade - ???? - para a Souza Cruz, uma empresa que não sustenta, muito pelo contrário, nem a saúde ou a vida dos seus clientes!) e jogar duro contra quem fabrica e comercializa drogas (lícitas, por omissão de muita gente!).
As novas gerações dependem de políticas públicas de saúde que não sejam cúmplices de setores poderosos que se locupletam à custa da deterioração absurda da nossa qualidade de vida.
Onde há fumaça (de cigarro) há doenças. Vamos responsabilizar de vez a indústria  do tabaco pelos males que causa ao SUS, exigindo indenizações bilionárias como fizeram os EUA.  Vamos aumentar brutalmente o preço do cigarro e combater ferozmente o contrabando. E dar apoio integral ao Ministério da Saúde, ao INCA, à ANVISA e a todos aqueles que, diferentemente dos fabricantes e vendedores de drogas, estão empenhados em preservar a nossa qualidade de vida.
Drogas (lícitas ou não) precisam ser banidas, assim como os que as promovem. O futuro sustentável do planeta depende também da eliminação deste cancro que há séculos vem corroendo a nossa civilização. Pra acabar com a indústria do cigarro só há uma saída imediata: avançar no bolso das empresas como elas avançam sobre nossos pulmões, bexigas, gargantas etc. É jogo duro, mas ele precisa ser ganho. Está mais do que na hora de virar esta partida. A sociedade e os nossos netos nos agradecerão para sempre.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

VISÃO OTIMISTA DE SAI BABA

Caros amigos,

Estamos quase na metade do mês de novembro, faltam poucos dias para o término de mais um ano, vários pensadores, filósofos, guias espirituais comentam a respeito da atividade que o mundo se encontra. Abaixo temos o lindo texto de Sai Baba, espero que gostem, Eu chorei! kkkk!!

VISÃO OTIMISTA DE SAI BABA




Venho dizendo em mensagens anteriores que cada um escolhe onde colocar a sua atenção.  Só vê a escuridão aqueles que estão focados no drama, na dor, e na injustiça.  Aquele que não consegue ver o avanço espiritual da humanidade, não tem colocado a sua atenção nesse aspecto.
Como assim?  Não percebe a escuridão?
Vejo-a sim, mas não me identifico com ela, não a temo.  Como posso temer a escuridão se vejo a luz tão claramente?  Claro que entendo aqueles que a temem, porque também fiquei parado nesse lugar onde apenas via o mal.  E por esta razão sinto amor por tudo isso.
A escuridão não é uma força que obriga a viver com mais ruindade ou com mais ódio.  Não é uma força que se opõe à luz.  É ausência da luz.  Não é possível invadir a luz com a escuridão, porque não é assim que o principio da luz funciona.  O medo, o drama, a injustiça, o ódio, a infelicidade, só existem em estados de penumbra, porque não podemos ver o contexto total da nossa vida. Assim que aumentamos a nossa freqüência vibracional (estado de consciência), podemos olhar para a escuridão e entender plenamente o que vivemos.
Mas como pode afirmar tudo isso, se no mundo existe cada vez mais maldade?
Não há mais maldade, o que há é mais luz, e é sobre isso que falo agora. 
Imagine que você tem um quarto, ou uma despensa, onde guarda suas coisas, iluminado por uma lâmpada de 40W.  Se trocar para uma lâmpada de 100W, verá muita desordem e um tipo de sujeira que você nem imaginava que tinha naquele local.
A sociedade está mais iluminada.  Isto é o que está acontecendo.  E isto faz com que muitas pessoas que lêem estas afirmações as considerem loucura.
Percebeu que hoje em dia as mentiras e ilusões são percebidas cada vez mais rapidamente?  Bom, também está mais rápido alcançar o entendimento de Deus e compreender a forma como a vida se organiza.
Esta nova vibração do planeta tem tornado as pessoas nervosas, depressivas e doentes.  Isto porque, para poder receber mais luz, as pessoas precisam mudar física e mentalmente.   Devem organizar seus quartos de despejo, porque sua consciência cada dia receberá mais luz.  E por mais que desejem evitar, precisarão arregaçar as mangas e começar a limpeza, ou terão que viver no meio da sujeira.
Esta mudança provoca dores físicas nos ossos, que os médicos não conseguem resolver, já que não provem de uma doença que possa ser diagnosticada.
Dirão que é causado pelo estresse.  Porém isto não é real.  São apenas emoções negativas acumuladas, medos e angústias, todo o pó e sujeira de anos que agora precisa ser limpo.
Algumas noites as pessoas acordarão e não conseguirão dormir por algum tempo.  Não se preocupem.  Leiam um livro, meditem, assistam TV.  Não imaginem que algo errado ocorre.  Você apenas está assimilando a nova vibração planetária.  No dia seguinte seu sono ficará normal, e não sentirá falta de dormir.
Se não entender este processo, pode ser que as dores se tornem mais intensas e você acabe com um diagnóstico de fibromialgia, um nome que a medicina deu para o tipo de dores que não tem causa visível.  Para isto não existe tratamento específico – apenas antidepressivos, que farão com que você  perca a oportunidade de mudar sua vida.
Uma vez mais, cada um de nós precisa escolher que tipo de realidade deseja experimentar, porém sabendo que desta vez os dramas serão sentidos com mais intensidade, assim como o amor.  Quando aumentamos a intensidade da luz, também aumentamos a intensidade da escuridão, o que explica o aumento de violência irracional nos últimos anos.
Estamos vivendo a melhor época da humanidade desde todos os tempos.  Seremos testemunhas e agentes da maior transformação de consciência jamais imaginada.
Informe-se, desperte sua vontade de conhecer estas questões.  A ciência sabe que algo está acontecendo, você sabe que algo está acontecendo.  Seja um participante ativo.  Que estes acontecimentos não o deixem assustado, por não saber do que se trata.

Permita que a existência flua através de você.
Seja um com a existência.
Seja um instrumento através do qual Deus se manifesta e realiza a sua obra.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Cuidado com as comparações

Bom dia meus amigos!!

A alimentação é fundamental para vida de qualquer ser vivo neste plano. Todos necessitam de energia vital, seja do ar, do sol, e de alimentos que vão todos os dias há nossa mesa. Infelizmente tudo que comemos hoje em dia, pelo menos, a maioria dos produtos industrializados possuem alguma alteração genética ou produto quimico que em um futuro nao muito distante, começa a afetar nosso organismo gerando doenças.

Abaixo um texto do Professor Wilson que esclarece várias situações, boa leitura:

Alimentos orgânicos x tradicionais:
cuidado com as comparações

A imprensa brasileira continua, em sua cobertura de saúde, comendo bola a torto e a direito e foi isso que aconteceu hoje nas reportagens de destaque das editorias de saúde e ciência de dois jornalões de prestígio (Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo). Reproduzindo dados de uma pesquisa veiculada em uma publicação americana na área de nutrição, as manchetes que apresentam estas reportagens proclamam a não vantagem dos alimentos orgânicos em relação aos tradicionais (que usam agrotóxicos).
Tudo bem, em termos de valor nutricional até pode ser que não existam diferenças significativas (mas é fundamental saber os critérios utilizados para esta avaliação,  bem como verificar se há algum interesse subjacente a esta pesquisa ou divulgação, o que é infelizmente comum na área da saúde), mas não dá para comparar produtos que levam veneno com outros que são obtidos por processos sustentáveis.
É forçoso reconhecer que os jornais não deixaram de ouvir fontes que contestaram os resultados ou os contextualizaram e que, como nós aqui, levantaram a questão, preocupados que estamos em não permitir que informações  parciais sejam utilizadas por empresas que emporcalham o solo, o ar, a água para legitimar os seus produtos.
No Brasil, segundo pesquisas recorrentes da ANVISA , respaldadas pela competentíssima Fiocruz, nossas frutas e verduras apresentam veneno saindo pelo ladrão, com índices de contaminação que chegam a mais de 60% em alguns produtos, como o pimentão. E integram também o ranking dos “envenenados” o tomate, a cenoura etc pra não falar de certas caixas de morango que lembram a bruxa que fez a Gata Borralheira adormecer o sono eterno. Como não há príncipe dando sopa por aqui, é melhor tomar cuidado porque agrotóxico mata mesmo (as estatísticas de acidentes são estarrecedoras!).
Aproveitando o embalo, não caia na onda de que tudo vai melhorar com os transgênicos porque eles costumam funcionar somente numa operação casada com agrotóxicos. Aliás, o argumento cínico das empresas de biotecnologia de que o movimento contra os transgênicos se origina das empresas de agrotóxicos é de doer, já que elas são farinha do mesmo saco: as maiores empresas de transgênicos são também as que dominam o mercado de agrotóxicos.
A imprensa precisa tomar mais cuidado com as manchetes que veicula (a gente entende, é tudo em nome da novidade, da notícia) porque muitos apressados não passam da leitura dos títulos e podem achar que orgânico e alimento com veneno são a mesma coisa.
Olho vivo com as agroquímicas, as transgênicas e também com a mídia. Ás vezes, voluntaria ou involuntariamente, elas fazem parcerias que jogam contra o interesse público. Como dizem os americanos, “follow the money” (siga o dinheiro) e encontrará a verdade. É preciso enxergar além da notícia. Não cultive as monoculturas da mente, seja plural, não transgênico.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Há certas horas.....


Há certas horas, em que não precisamos de um Amor...
Não precisamos da paixão desmedida...
Não queremos beijo na boca...
E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama...

Há certas horas, que só queremos a mão no ombro, o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado...
Sem nada dizer...

Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar, que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente, a nos fazer sorrir...

Alguém que ria de nossas piadas sem graça...
Que ache nossas tristezas as maiores do mundo...
Que nos teça elogios sem fim...
E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade
inquestionável...

Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado...
Alguém que nos possa dizer:

Acho que você está errado, mas estou do seu lado...

Ou alguém que apenas diga:

Sou seu amor! E estou Aqui!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Céu do Beija-Flor



Que coisa linda  é te ver! Quando temos a oportunidade de nos deparar com um animal de tanta exuberância e mistério. Eis beija-flor! Diante de nós está o único ser capaz de voar para trás e parar no ar.  O pássaro das Américas!
Dentro do misticismo o beija-flor aparece como entidade de luz que traz a alegria, a paz, o amor, o  perdão, a humildade. Um Ser que cura as enfermidades e guia no rumo da Luz.
Tal como a maioria das aves, o sentido do olfato não está muito desenvolvido nos beija-flores; a visão, no entanto, é muito apurada. Para além de poderem identificar cores, os beija-flores são dos poucos vertebrados capazes de detectar cores no espectro ultravioleta.

O violeta e a cor da espiritualidade, do respeito próprio e da dignidade. O violeta é uma cor ligada ao Eu superior, é uma cor de inspiração. Muitos músicos, poetas e pintores afirmaram que seus momentos de maior inspiração surgiam quando eles estavam cercados pelo raio violeta. O violeta e a cor dominante do chacra da coroa ou coronário. É uma cor benéfica para ajudar a tratar distúrbios psicológicos e todos os distúrbios vinculados ao sistema nervoso central.
Quando utilizado em quartos de bebes, deve-se dar preferência ao lilás, para despertar a consciência cósmica e amor pela humanidade.

Oh força ultravioleta!
 Venha Beija-flor! Venha Beija-flor!
Encanta com sua energia cósmica, envolvendo-nos em um manto lilás! Cura-nos, liberte-nos das enfermidades do mundo da ilusão! Cresça em mim a consciência de que, para Amar meu próximo devo amar a mim em primeiro plano, e teu próximo com a Ti.  

Céu ou paraíso! Espaço que envolve a terra, é um conceito de vida após a morte encontrado em muitas religiões ou filosofias espirituais.

Céu do beija-flor!
Lugar! Ponto divino na terra!
Onde brilha a luz.
Lar de amor, de equilíbrio, de serenidade.
Dentro desta luz me  irradia e radia em vós! Que em cada um aqui presente emane a força do beija-flor! Com seus raios cósmicos!
Cura beija-flor!
Cura beija –flor!
Cura beija flor!
Leva toda energia negativa!
Traz o amor!
Traz o amor!
Traz o amor!
Leva beija-flor
Leva beija-flor

Salve 12 de Outubro!
Viva Nossa Senhora Aparecida!
Viva as crianças!
Viva o Céu do Beija Flor! Viva o Aniversariante! Viva o Dono deste Dia!!

Elvio dos Anjos
(Homenagem ao Aniversário do Céu do Beija Flor – Campo Grande – MS – Brasil)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Os planos de saúde estão doentes. Com a síndrome da farsa e da ganância

O assunto parece velho porque recorrente, mas há sempre novidades quando nos dispomos a analisar os desvios cometidos por inúmeras empresas que administram planos de saúde em nosso País.

Coloquemos então algumas novidades para debate. 

A ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar definiu, segundo notícia publicada pelo Estadão no dia 30/09/2010, que os planos de saúde deverão marcar uma consulta básica para atender os seus usuários em até uma semana e que 15 dias será o prazo para consultas de especialistas.

Por que a ANS, que tem sido incompetente para fiscalizar, lenta para tomar decisões e sem condições de cobrar seriedade dos planos de saúde, resolveu tomar essa medida? 

Porque não está dando mais para esconder o total desrespeito ao consumidor praticado (há anos) pelos planos de saúde que, sem condições de cumprir o que está contratado, andam empurrando os usuários para o SUS, dificultando as consultas e especialmente o acesso aos exames, além de pagarem miseravelmente os médicos e de expulsarem, desumanamente, os idosos com a alegação de que eles impactam os seus custos. Muitos quebraram ao longo destes últimos anos, apesar desses desmandos, criando prejuízos incalculáveis a usuários que contribuíram para os seus lucros exorbitantes.

A ANS não pode mais ignorar o que todo mundo sabe: muitos planos de saúde fazem limitações absurdas e, quando podem (e parece que sempre podem, não é mesmo?), deixam o usuário entregue à própria sorte porque são gananciosos, socialmente irresponsáveis.

Pesquisa realizada recentemente pelo Datafolha junto aos médicos de São Paulo mostrou que 93% destes profissionais de saúde admitem a interferência abusiva, nefasta dos planos de saúde, e que muitas das empresas que atuam neste mercado têm postura absolutamente condenável. Segundo os médicos, a esmagadora maioria não paga o médico após o procedimento realizado, limita exames e tempo de internação de pacientes, sacaneia de todo jeito e por aí vai.

Levantamento do IDEC - Instituto de Defesa do Consumidor mostra que, em alguns casos, uma pessoa pode esperar seis meses para ser atendido por um cardiologista e até dois meses para um exame ginecológico. Ou seja, muitos planos de saúde lesam ostensivamente o consumidor e cobram caro por este serviço.

Logo, estava na hora mesmo de enquadrar empresas que deveriam ter sido, por esta postura, fechadas há muito tempo, já que estes dados que novamente vem à tona evidenciam sua total incapacidade de continuar operando porque não têm condições de prestar um serviço decente para a população.

A Folha de S. Paulo, que resolveu dar o nome aos bois, citou, em reportagem publicada no dia 24/09/2010, as empresas consideradas piores pelos médicos: São elas Intermédica, Medial, Amil, Sulamérica Saúde, que juntas respondem por milhões de usuários. Por que o governo não começa um trabalho de limpeza na área, investigando como andam agindo essas empresas?

Evidentemente, há exceções e elas precisam ser saudadas mesmo porque  os bons exemplos comprovam a possibilidade de atuação nesse mercado com responsabilidade, respeito aos cidadãos, ética e transparência.

Governos e governos, ao longo do tempo, assim como aconteceu com a educação, acabaram entregando a saúde da população para a iniciativa privada, que, com apetite voraz,  abocanhou parcela significativa desse mercado e, em muitos casos, sem qualquer escrúpulo, avançou desonestamente sobre o bolso do consumidor.

Agora que as eleições estão em curso, com um segundo turno que promete esquentar, é hora de os candidatos, que insistem na saúde como prioridade de suas plataformas políticas (é tempo de prometer), acordarem definitivamente para esta triste realidade.

Seja Dilma, seja Serra, é preciso dar um basta nos planos de saúde que andam praticando desmandos, cobrar caro pela tentativa de empurrar para o SUS obrigações que eles assumem ao fecharem contratos de prestações de serviços médicos, e sobretudo punir exemplarmente os empresários que lesam o consumidor.

A área de saúde tem que merecer atenção especial dos governantes, das autoridades, porque ela diz respeito à vida dos cidadãos, seu patrimônio mais importante. Os planos de saúde têm maltratado terrivelmente sobretudo as pessoas mais fragilizadas, os idosos, os que dependem, muitas vezes por omissão governamental, de cuidados médicos.

É preciso proteger aqueles que tem sido vilipendiados pelos planos de saúde, por empresas que existem apenas para lucrar com a doença dos outros, remuneram de maneira vexatória os profissionais e atentam contra o interesse público.

Há uma informação corrente no mercado: os governos não tomam medida alguma para sanear o mercado porque, na prática, os planos de saúde acabam exercendo o papel que caberia ao Estado, embora, como podemos ver, o panorama não é exatamente esse, visto que o cidadão tem sido lesado continuadamente. A solução, neste caso, é mais um problema.

A questão não é nova, os abusos não começaram a acontecer agora, mas aí está um tema que deveria merecer a atenção daqueles que estão por aí buscando os nossos votos. Com certeza, prestar atenção a esta área (e dar um encaminhamento correto para a sua solução) é de interesse da população.

O ideal seria que não dependêssemos de planos de saúde privados e que o Estado pudesse, com o dinheiro que arrecada com os impostos (elevadíssimos, pornográficos), dar uma atenção de qualidade para os seus cidadãos, como reza a própria constituição. Mas já que isso não é possível porque tem faltado, ao longo do tempo, competência para a gestão da saúde em nosso País, que pelo menos sejam extirpados os planos privados que não andam fazendo a lição direito.

Não podemos ser tolerantes com a falta de responsabilidade e de respeito ao consumidor. Somos a favor da ficha limpa também na área da saúde. Ela, mais do que ninguém, é incompatível com a sujeira, em cima ou debaixo do tapete. 

Nossa solidariedade aos usuários e profissionais de saúde que, por omissão de todos nós, padecem nas mãos de empresários sem caráter. Está na hora de a Polícia tirar as algemas dos armários e fazer delas bom uso. Se elas estiverem em falta, que tal a gente fazer uma "vaquinha" para que possam ser compradas urgentemente!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Nem tudo é o que parece

Élvio dos Anjos

Acordamos sempre na certeza de que o dia vai ser melhor.  As mídias jorram notícias e informações que chegam até nós de forma induzida ou tendenciosa.
Influências chegam a todo momento: no trânsito, no cesto de lixo, na padaria, no café etc. Em tudo a comunicação nos impõe e nos fraciona a ser e ter o que ela deseja.  As questões que envolvem essa dominação vão além do lado midiático, mas cultural.
Somos presos a esse mundo que tira nosso contato natural com o ambiente, sistematizando a maneira “correta” de viver. Quando um indivíduo contradiz essa imposição, é tachado e, na maioria das vezes, excluído. Para não nos sentirmos um “peixe fora d’água”, somos obrigados a entrar e participar desse brincar de viver.
Atualmente ficamos coibidos a achar e compreender de que o alimento e seus derivados são os mais importantes na cadeia natural para a sobrevivência humana. Enganado estamos, enganados somos. O ar, composição tão simples feita principalmente de oxigênio é, sem dúvida, o produto principal. Para termos o ar, necessitamos das árvores, das florestas, que sugam carbono e nos devolve oxigênio, responsável pela manutenção da vida de todos os seres.
Aprendemos tudo isso na terceira série primária, e o que levamos de consciência disso? Florestas desaparecem, queimadas prejudicam o ar,  defensivos agrícolas envenenam o solo e trazem pragas ainda mais devastadoras.
De acordo com a publicação de um estudo feito pelos cientistas da Academia Chinesa de Agronomia na revista Science, o algodão transgênico, que tem como objetivo controlar as lagartas que ameaçam a lavoura, desencadeou a praga do percevejo, que, antes era inofensivo a esta cultura.
Os meios de comunicação por sua vez, visando sempre ao lucro, maquiam os produtos, deixando uma impressão saudável, de bem-estar e bem viver. 
Viver, naturalmente, consciente de que estamos aqui, não para extrair, mas para mudar a forma sem agredir. Duvidem de tudo o que é imposto a vocês, critiquem e indaguem tudo que prejudique a forma natural de viver. A natureza não pede socorro, ela vai sobreviver e eliminar tudo o que tira sua forma natural. É só esperar.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O MISTÉRIO DE MICAEL - No Irromper da Era de Micael

Rudolf Steiner

Até o século IX após o Mistério do Gólgota, o ser humano se posicionava de modo diverso perante os seus próprios pensamentos. Ele não tinha o sentimento de que ele próprio formava (produzia) os pensamentos que viviam em sua alma. Considerava os dádivas (inspirações) de um mundo espiritual. Mesmo quando tinha pensamentos sobre aquilo que percebia com os sentidos, estes pensamentos se lhe apresentavam como revelações do divino, o qual lhe falava a partir dos objetos sensoriais.
Quem tem percepções espirituais compreende este sentimento, pois toda vez que algo espiritualmente verdadeiro se revela (se transmite) à alma, não se terá jamais o sentimento de que, de um lado, existe a percepção espiritual e que, de outro, formamos nós mesmos, o pensamento para compreender esta percepção; o que ocorre é que o pensamento é visto na percepção; contido nela; sendo um dado tão objetivo quanto o da própria percepção.
Com o século IX (tratam se obviamente de indicações médias do tempo; a passagem se dá de maneira gradativa) a inteligência pessoal individual passa a brilhar na alma humana. 0 ser humano passou a ter o seguinte sentimento: eu mesmo formo (produzo) os pensamentos. E esta atividade de formar os pensamentos se tornou o elemento preponderante da vida anímica, fazendo com que os pensadores vissem no comportamento inteligente a essência (Wesen) da alma humana. Anteriormente se tinha uma representação imaginativa da alma. A essência dela não era vista na atividade de produção de pensamentos, mas na sua participação no conteúdo espiritual do mundo. Os seres espirituais supra-sensíveis eram pensados como seres pensantes; e eles vêm atuando para dentro do ser humano, eles também vêm pensando "para dentro" dele. Aquela parte do mundo espiritual que vive no ser humano era sentida como sendo a alma.

Ao penetrar o mundo espiritual com a própria visão, o ser humano é confrontado com poderes essenciais espirituais concretos. Antigas doutrinas designavam com o nome Micael aquela força a partir da qual emanavam (fluíam) os pensamentos das coisas. 0 nome pode ser mantido. Pode se então dizer que inicialmente os seres humanos receberam os pensamentos de Micael. Micael administrava a inteligência cósmica. A partir do século IX os seres humanos não sentem mais que os pensamentos lhes são inspirados por Micael. Eles escaparam do seu domínio e caíram do mundo espiritual para dentro das almas individuais.
A vida dos pensamentos, a partir de então, foi desenvolvida no âmbito da Humanidade. Não havia segurança a respeito do significado do pensamento. Esta insegurança vivia nas doutrinas escolásticas. Os escolásticos se dividiram em realistas e nominalistas. Os realistas   liderados por Tomás de Aquino e seus próximos   ainda sentiam o antigo vínculo entre pensamento e coisa. Portanto, viam o pensamento como algo real que vive nas coisas. Eles viam os pensamentos como algo real que flui das coisas para dentro da alma. Os nominalistas sentiam fortemente o fato de a alma ser aquela que forma (produz) os pensamentos. Sentiam que os pensamentos eram apenas algo subjetivo que vive na alma e nada têm a ver com as coisas. Os pensamentos eram vistos apenas como nomes produzidos pelo ser humano para designar coisas (não se falava sobre "pensamentos", apenas sobre "universalias"; mas quanto ao princípio do que estamos expondo, isto não vem ao caso, pois pensamentos têm sempre algo de universal em relação às respectivas coisas individuais).
Pode se dizer que os realistas queriam manter a fidelidade a Micael; e como os pensamentos haviam caído de seu domínio para o dos homens, eles, como pensadores, queriam servir a Micael como o senhor da inteligência do cosmo. Em sua parte inconsciente da alma os nominalistas se afastarem de Micael. Para eles o ser humano era dono dos pensamentos e não Micael. 0 nominalismo se expandiu, aumentou sua influência e pôde continuar desta maneira até o último terço do século XIX. As pessoas que, nesta época tinham a possibilidade de perceber os acontecimentos no âmbito do cosmo, sentiam que Micael havia seguido a corrente da vida intelectual. Ele busca uma nova metamorfose da sua incumbência cósmica. Anteriormente, ele deixava fluir os pensamentos para dentro das almas humanas a partir do mundo espiritual externo. Desde o último terço do século XIX ele quer viver nas almas humanas nas quais se formam (produzem) os pensamentos. As almas "aparentadas" com Micael viam no, anteriormente, desenvolver suas atividades no âmbito espiritual; agora elas reconhecem que devem deixá lo viver em seus corações e lhe dedicam a sua vida espiritual baseada nos pensamentos; agora, a partir de seus pensamentos individuais e livres, estas almas deixam que Micael lhes ensine a trilhar os caminhos verdadeiros da alma.
Os homens que na vida terrestre anterior viveram em pensamentos inspirados e que, portanto, eram servidores de Micael, ao voltarem a Terra para uma nova encarnação no final do século XIX sentiam se impelidos à formação desta comunidade micaélica livre. Elas agora consideravam o seu antigo inspirador de pensamentos como sendo o indicador de rumo, no âmbito dos pensamentos superiores.
Aqueles que sabem levar em conta estas coisas podem saber o significado que teve esta reviravolta no final do século XIX, com relação aos pensamentos dos seres humanos. Anteriormente o ser humano podia apenas sentir como os pensamentos se formavam, a partir de seu próprio ser. A partir da época mencionada, o ser humano pode erguer se acima de si mesmo, ele pode voltar a sua percepção (atenção) para o âmbito espiritual, onde Micael se lhe aproxima mostrando se, já desde longa data, familiarizado com todo o tecer dos pensamentos. Ele liberta o pensar do âmbito da cabeça e lhe abre o caminho para o coração; ele liberta a capacidade de entusiasmo do âmbito dos sentimentos, fazendo com que o ser humano possa viver com dedicação anímica para com tudo que pode ser experimentado no âmbito da luz dos pensamentos. A era de Micael irrompeu. Os corações começam a ter pensamentos; o entusiasmo não provém mais apenas da escuridão mística, mas da clareza anímica sustentada por pensamentos. Compreender isto significa acolher Micael na índole. Os pensamentos que hoje almejam abarcar o espiritual devem partir de corações que batem por Micael como o senhor ígneo dos pensamentos cósmicos.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Não há emoção no Estado

Época de eleição é época de desvarios. A razão costuma entrar em férias e a sensibilidade fica à flor da pele. Em família e no trabalho, no clube e na igreja, todos manifestam opiniões sobre articulações políticas e candidatos.  
O tom varia do palavrão a desqualificar toda a árvore genealógica do candidato à veneração acrítica de quem o julga perfeito. A língua se espicha em sete léguas para difamar ou louvar políticos. Marido briga com a mulher, pai com o filho, amigo com amigo, cada um convencido de que possui a melhor análise sobre os candidatos. E todos parecem ignorar que vivemos numa relativa democracia em que reina a diversidade de forças políticas, embora impere a ideologia das elites dominantes. 
Há um terceiro grupo que insiste em se manter indiferente ao período eleitoral, embora não o consiga em relação aos candidatos, todos eles considerados corruptos, mentirosos, aproveitadores e/ou demagogos. Haja coração!
O problema é que não há saída: estamos todos sujeitos ao Estado. E este é governado pelo partido vitorioso nas eleições. Portanto, ficar indiferente é uma forma de passar cheque em branco, assinado e de valor ilimitado, a quem governa. E tanto o governo quanto o Estado, com o perdão da redundância, são absolutamente indiferentes à nossa indiferença e aos nossos protestos individuais. 
É compreensível uma pessoa não gostar de ópera, jiló, viagem de avião ou da cor marrom. E mesmo de política. Impossível é ignorar que todos os aspectos de nossa existência, do primeiro respiro ao último suspiro, têm a ver com política. 
Já a classe social em que cada um de nós nasceu decorre da política vigente no país. Houvesse menos injustiça e mais partilha dos bens da terra e dos frutos do trabalho humano, ninguém nasceria entre a miséria e a pobreza. Como nenhum de nós escolheu a família e a classe social em que veio a este mundo, somos todos filhos da loteria biológica. Nossa condição social de origem resulta de mero acaso. E não deveria ser considerado privilégio por quem nasceu nas classes média e rica, e sim dívida social para com aqueles que não tiveram a mesma sorte. 
Somos ministeriados do nascimento à morte. Ao nascer, o registro vai parar no Ministério da Justiça. Vacinados, vamos ao Ministério da Saúde; ao ingressar na escola, ao da Educação; ao arranjar emprego, ao do Trabalho; ao tirar carteira de motorista, ao das Cidades; ao aposentar-se, ao da Previdência Social; ao morrer, retornamos ao Ministério da Justiça. E nossas condições de vida, como renda e alimentação, dependem dos ministérios da Fazenda e do Planejamento, e do modo como o Banco Central administra a moeda nacional e o sistema financeiro.
Em tudo há política. Para o bem ou para o mal. Posso não saber o que a política tem a ver com a conta do supermercado ou o valor da matrícula escolar. Muitos ignoram que a política se faz presente até no calendário. Não que determine as estações do ano, embora tenha tudo a ver com os efeitos, como inundações, secas e desabamentos. Já reparou que dezembro, o último mês do ano, deriva de dez? Novembro de nove, outubro de oito, setembro de sete?
Outrora o ano era de dez meses. O imperador Júlio César decidiu acrescentar um mês em sua homenagem. Assim nasceu julho. Seu sucessor, Augusto, não quis ficar atrás. Criou agosto. Como os meses se sucedem na alternância 31/30, Augusto não admitiu que seu mês tivesse menos dias que o do antecessor. Obrigou os astrônomos da corte a equipararem agosto e julho em 31 dias. Eles não se fizeram de rogados: arrancaram um dia de fevereiro e resolveram a questão.
O Brasil será, a partir de 1º de janeiro de 2011, o resultado das eleições de outubro. Para melhor ou para pior. E os que irão governá-lo serão escolhidos pelo voto de cada um de nós. E graças aos impostos que pagamos eles irão administrar – bem ou mal – os bilhões arrecadados pelo fisco, incluídos os salários dos políticos e o custo de seus gabinetes e respectivas mordomias.
Faça como o Estado: deixe de lado a emoção e pense com a razão. As instituições públicas não têm vida própria. São movidas por políticos e pessoas indicadas por eles. Todos esses funcionários públicos, a começar do presidente da República, são nossos empregados. A nós devem prestar contas. Temos o direito de cobrar, exigir, pressionar, reivindicar, e eles o dever de comprovar como respondem às nossas expectativas.
Convença-se disto: a autoridade é a sociedade civil. Exerça-a. Não dê seu voto a corruptos nem se deixe enganar pela propaganda eleitoral. Vote no seu futuro. Vote na justiça social, no direito dos pobres à dignidade, na soberania nacional. 

Frei Betto é escritor, autor de "Calendário do Poder" (Rocco), entre outros livros.
Website:http://www.freibetto.org
Twitter: @freibetto

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A transferência de Renda

Vivemos em um mundo cercado por desigualdades sociais. Enquanto uns comemoram safras recordes de grãos, tornando o estado líder absoluto no Brasil, outros buscam no governo alternativas de subsistência que chegam até eles na forma de “transferência de renda”. Bolsa Família, bolsa PETI, Projovem Urbano são alguns dos programas que fazem essa distribuição.
Ao contrário do que pensamos, esses benefícios são concedidos mediante o cumprimento de obrigações que chamamos de condicionalidades.  Ao se cadastrar em um desses serviços, a família passa a ter de cumprir tarefas relacionadas à educação e saúde. Todos que têm filhos devem apresentar comprovante da matrícula (atestado escolar) e cartão de vacinação. Periodicamente (pelo menos a cada 2 meses) o governo fiscaliza, através da freqüência escolar enviada pelas escolas e da ficha de saúde fornecida por meio do sistema Sisvan (Sistema de Vigilância e Acompanhamento Nutricional), se as famílias cumprem essas questões, caso positivo, continuam recebendo o benefício.
Para saber mais a respeito da condição socioeconômica da família, anualmente é feito a atualização no cadastro, aplicando novas informações, detectando se houve uma melhora significativa de vida.
Distribuindo renda, cobrando educação e saúde, a família aumenta seu senso crítico, aflora a consciência para a busca de seus direitos. Não adianta fecharmos os olhos para desigualdade, é só olharmos a nossa volta. 
Programas e serviços complementares têm o objetivo de absorver essa demanda, implementando políticas públicas.  Centros de Referencia de Assistência Social (Cras) são instalados em bairros periféricos afim de atender a população mais vulnerável.
O Brasil caminha para “o seu momento” dentro do cenário mundial. Ações são feitas. Cabe a nós conhecermos, divulgarmos e cobrarmos. Infelizmente ainda existem pessoas que não têm acesso a direitos mínimos. Esses programas e serviços entram para tentar amenizar a situação. Não cabe a nós julgarmos se é certo ou errado a transferência de renda no Brasil. O que nos cabe é, sim, eleger com seriedade nossos governantes para que no futuro não haja necessidade de uma “bolsa X e um programa Y”.

Élvio dos Anjos  - Estudante de jornalismo, tecnólogo em desenvolvimento de sistemas, designer gráfico, projetista e gerente social.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Por que o blog se chama Meninos Verdes?

Que todos tenham um dia iluminado! Viva Primavera!

Muita gente me perguntou porque o nome do blog é "Meninos Verdes". Para responder este questionamento, resolvi colocar a sinopse do livro infantil da autora Cora Coralina, a qual tenho uma profunda admiração. No relato vocês perceberão que a escolha do nome nao é um acaso, existe um fundo ideológico, espiritual e moral por trás.

A partir de duas plantas diferentes, no quintal da Casa Velha da Ponte, surgem criaturinhas estranhas. Como lidar com o diferente, com o novo? A escritora Cora Coralina, com a metáfora - os meninos verdes -, ajuda-nos a refletir sobre isso. Vovó Cora conta a seus netos o que ela chama de acontecido e não de uma história. De repente, seu Vicente, o jardineiro da Casa Velha da Ponte, deparou com uma situação incomum: no quintal, entre as plantas que nascem lá, boas e más, apareceram duas plantas diferentes. Quis arrancá-las, mas vovó Cora disse-lhe que as deixasse crescer. Depois de um tempo, sob as duas plantas, seu Vicente e vovó Cora, surpresos, encontraram seres vivos, com todas as formas de crianças em miniatura. O que fazer? Destruí-los? Escondê-los? Cuidar deles? A postura sem preconceito e compromissada de vovó Cora em relação à estranha realidade nos ensina a encarar com naturalidade situações inusitadas, a respeitar diferenças e a agir com responsabilidade e consciência.


Bem, acho que a leitura acima ja mostra o que queremos com a criação deste espaço. Agora, vamos conhecer um pouco sobre Cora Coralina?


Cora Coralina nasceu Ana Lins dos Guimarães Peixoto, na cidade de Goiás, em 1889. Iniciou sua carreira literária aos 14 anos publicando o conto "Tragédia na Roça". Casou-se com o advogado Cantídio Tolentino de Figueiredo Brêtas e teve seis filhos. O casamento a afastou de Goiás por 45 anos. Ao voltar às suas origens, viúva, iniciou uma nova atividade, a de doceira. Além de fazer seus doces, nas horas vagas ou entre panelas e fogão, Aninha, como também era chamada, escreveu a maioria de seus versos. Aos 76 anos despontou na literatura brasileira como uma de suas maiores expressões na poesia moderna. Em 1982 - mesmo tendo estudado somente até o equivalente ao 2º ano do Ensino Fundamental - recebeu o título de doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Goiás e o Prêmio Intelectual do Ano, sendo, então, a primeira mulher a receber o troféu Juca Pato. No ano seguinte foi reconhecida como Símbolo Brasileiro do Ano Internacional da Mulher Trabalhadora pela FAO. Morreu em Goiânia, aos 95 anos, em 1985.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A mentalidade predadora do Projeto do Código Florestal

Duas qualificações têm sido utilizadas para caracterizar as mudanças propostas pelo relator Aldo Rebelo, um comunista com viés de ruralista (que chegou a contratar para assessorá-lo uma consultora do agronegócio, como denunciaram a Folha de S. Paulo e o conservador Estadão), para o Código Florestal: flexibilidade e irresponsabilidade.
O conceito de flexibilidade tem sido apropriado por aqueles que desejam continuar descumprindo as regras de proteção do meio ambiente e que buscam ou brechas para o desmatamento futuro, legalizado pelo projeto, ou anistia para a ação predatória realizada por anos a fio.  Na prática, ele foi contemplado regiamente pela proposta apresentada à Comissão Especial da Câmara dos Deputados no último dia 8 de junho e que, de imediato, provocou reação violenta dos ambientalistas, como era de se esperar.
O conceito de irresponsabilidade está associado à intenção do projeto que, sob a alegação de proteger os pequenos agricultores, sinaliza para uma autorização legal para que todos, sobretudo os grandes, deixem de preservar áreas protegidas, anistia os desmatadores contumazes e inclui outros pacotes de bondades que envergonham os que acreditam no compromisso do País e dos empresários com a sustentabilidade.
A redução de 30 metros para 7,5 metros da proteção mínima nas margens dos rios, as moratórias para novos cortes, as exceções previstas para lavouras em encostas e, particulamente, a municipalização ou estadualização da legislação comprometem qualquer esforço para uma política consistente, legítima para a proteção do meio ambiente no Brasil.
A idéia subjacente ao projeto é garantir que, em cada Estado ou município, lobbies e poderes locais possam decidir o que será feito e, nesse caso, como todos sabemos, prevalecerão interesses econômicos porque não é novidade que empresas e produtores estarão atuando firmemente para que os seus privilégios sejam preservados. Há numerosos  recantos nesse País onde imperam os caciques políticos (que são também os que detêm o poder econômico), como se pode perceber no Maranhão, em Alagoas e por aí afora, com famílias que mantêm estados e cidadãos sob seu jugo.
È forçoso reconhecer que governos anteriores estimularam o desmatamento, atraindo, irresponsavelmente, para a ocupação da floresta , e ordenando explicitamente a sua destruição. É razoável considerar que algumas culturas (e pequenos produtores) são dependentes de determinadas circunstâncias que, numa visão moderna, atentam contra a sustentabilidade. É até importante lembrar (mas sem a visão generalizante do Aldo Rebelo e de ruralistas que o subsidiam) que existem ONGs que não servem para coisa alguma e que estão apenas empenhadas em captar recursos para os seus diretores.
Mas, pera aí, muita calma nessa hora, vamos devagar com o andor que o santo é de barro. Tem, como se diz na minha querida Ribeirão Preto, gato na tuba.
Em primeiro lugar, se cometemos erros no passado (e o mundo todo cometeu, destruindo os recursos naturais) nada justifica que devemos manter permanentemente esta atitude predatória e todos, de uma forma ou de outra, teremos que colaborar para superar o impasse ambiental. Governos com visão estreita (e temos tido demais por aqui, não é mesmo?) e pequenos produtores vão ter que se alinhar a um novo paradigma, porque a realidade é incontestável: se destruirmos água, ar, solo, não há chance para a perpetuação dos negócios num futuro próximo. Finalmente, o fato de algumas ONGs só estarem atrapalhando nesta hora (tem ONG de conservação que fez parceria - veja só - com uma empresa de transgênicos e agrotóxica porque, no fundo, a grana fala mais alto do que o compromisso) não autoriza ninguém (muito menos o Aldo Rabelo e a bancada do agronegócio) a demonizar todas as organizações que integram o Terceiro Setor. Respeitemos o Greenpeace, a WWF, a SOS Mata Atlântica, o IBASE, o IDEC, os jornalistas ambientais deste País e entidades que não compactuam com esta irresponsabilidade generalizada sob o pretexto de proteger a produção.
A leitura pela imprensa da nova proposta não foi unânime, muito pelo contrário. O Estadão (que tem raízes sólidas no mundo da produção agrícola)  prega o discurso da reconciliação e acredita que a maior parte das propostas é realista e razoável (vide seu editorial de 10 de junho). Já a Folha de S. Paulo foi contundente no editorial do mesmo dia: "relatório de Aldo Rebelo alia atraso ruralista a nacionalismo antiquado para desmontar legislação que protege florestas". Enfim, e isso é um alerta para os que ainda pregam a objetividade no jornalismo, mesmo na mídia os interesses definem as posições e os compromissos. Os editoriais explicitam a ideologia empresarial, ainda que as reportagens possam contradizer o patrão (na editoria de meio ambiente do Estadão, o tom foi menos adesista e incluiu, no  dia 11 de junho, comentário de Afra Balazina, enviada especial a  Bonn, Alemanha, contrário à proposta do Código Florestal).
Estaremos  assistindo, nos próximos dias ou meses (há parlamentares que já decidiram fazer o possível e o impossível para impedir que esta proposta vingue como está) o recrudescimento deste embate, sobretudo com o aprofundamento do debate eleitoral. Marina Silva certamente não perderá a oportunidade para desbancar a proposta (e faz muito bem, com coerência e legitimidade) que tem muito dos interesses ruralistas e também da "cultura desenvolvimentista" do Governo (e do que sucedeu a Lula também), que tem se rendido a lobbies formidáveis (montadoras, mineradoras, fabricantes de papel e celulose, agroquímicas etc) porque não consegue enxergar além de 4 ou 8 anos no máximo, tempo de seu plantão presidencial em Brasília.
O que cabe a todos nós? Acompanhar atentamente a tramitação do Projeto, repudiar toda e qualquer iniciativa que signifique a manutenção do desmatamento, a destruição dos nossos recursos florestais e a preservação de privilégios dos grandes produtores e exportadores, empresas de insumos agrícolas e de poderosos proprietários de terras.
Espera-se que a imprensa não fique refém das fontes empresariais ou oficiais e que paute a cobertura pelo pluralismo, sem estigmatizar os movimentos sociais, os grupos organizados e as legítimas organizações do Terceiro Setor que têm impedido que os abusos se tornem maiores do que já estão.
A proposta do novo Código Florestal é, como diz a Folha, um retrocesso. Se não houver oposição firme, competente, ela será aprovada e penalizará definitivamente o País.
Respeitemos a produção sustentável, os empresários comprometidos com a manutenção dos recursos naturais, os pequenos produtores que precisam ter alternativas e efetivamente desfrutar da nossa boa vontade. Mas não aceitemos que interesses excusos, patrocínios espúrios se aproveitem de uma situação que aí está para aumentar os seus lucros, o seu poder sobre a terra brasileira.
Da minha parte, espero também que a aliança de um deputado comunista com uma bancada ruralista não se reverta em votos nas próximas eleições. Que todos aqueles comprometidos com o meio ambiente saibam dizer não a estas parceiras e votem pela sustentabilidade. Aldo Rebelo escolheu o seu lado e tem todo o direito de fazer isso.  Muitos de nós , que já o elegemos outras vezes, temos o direito de divergir desta postura e de buscar outras alternativas. Diga não ao desmatamento do Código Florestal e vote pela sustentabilidade. Talvez o Congresso nos escute (anda surdo como pedra!) da próxima vez.

Wilson é jornalista e professor universitário (USP e UMESP) - www.blogdowilson.com.br